Fazendo um balanço geral daquela terça-feira cinzenta, podemos resumi-la em uma palavra: decepção. E são inúmeros os motivos. Perdemos em casa, de goleada. Nunca sofremos uma derrota tão dura quanto esta. Mas poderia ser pior; poderíamos não ter feito aquele único gol quase no fim da partida e perdido de 0. O jogador alemão, Miroslav Klose, ultrapassou Ronaldo e agora é o maior artilheiro de todas as Copas, com 16 gols. Mas poderia ser pior; poderia ser um argentino, nossos eternos inimigos no futebol. E o recorde dos recordes: a seleção da Alemanha fez os cinco gols mais rápidos da história do Mundial - em apenas 29 minutos de partida.
...
No terceiro gol da Alemanha, eu já estava chorando. De rir. Gargalhando mesmo, porque parecia brincadeira.
Este pode ter sido o nosso maior vexame em Copas, mas não foi o primeiro e nem o único que passamos.
Como eu mencionei anteriormente, o Brasil já perdeu em casa, em 1950, quando sediamos o Mundial pela primeira vez. E na final, contra o Uruguai.
Em 1998, perdemos outra final. Desta vez, para os donos da casa, a França. A palavra "amarelou" ficou na boca do povo durante muitos e muitos meses. E que gosto amargo aquela derrota deixou. Um telejornal até fez um clipe dos momentos vexatórios com o tema musical de Titanic.
Na Copa de 2006, a vergonha pode não ter sido, assim, tão grande. Mas a nossa seleção, que havia conquistado o penta quatro anos antes, só chegou até às quartas de final e com Roberto Carlos arrumando a meia enquanto a bola rolava no gramado em direção ao gol. Esse fato rendeu piadas para o ano todo. E olha que, naquela época, twitter nem existia. Mas os programas humorísticos e chargistas de plantão não perderam tempo.
Em 2010, as redes sociais já bombavam. E a virada da Holanda contra o Brasil nas quartas de final foi um dos assuntos mais comentados. O Brasil estava ganhando de 1x0 no primeiro tempo. No segundo, os dois gols da Holanda nos eliminaram do Mundial.
E eu jurando que o Brasil podia fazer o mesmo com a Alemanha desta vez. Mas no terceiro gol, eu perdi totalmente as esperanças e fui para o twitter e facebook, rir e tirar um sarro com a galera.
Uma hora ou outra, mais dia menos dia, o trágico placar do jogo de terça deixará de ser o tópico principal, de ser meme do facebook, de ser piada em 140 caracteres no twitter. Não vai ser totalmente esquecido, mas teremos outros assuntos para comentar e zoar.

Eu só espero que tenhamos aprendido a lição. Afinal, se a nossa seleção chegou aonde chegou, foi por uma questão de sorte. E, para aqueles que não acreditam nesta palavra, tudo bem. Posso usar outra: vantagens. Tivemos várias. Com aquela seleção, eu acho impressionante termos conquistado um lugar entre os quatro primeiros. E não é questão de antipatriotismo, mas não merecíamos o título desta vez. Tínhamos dois bons jogadores: Neymar e Thiago Silva. O primeiro fazia gols, e também é habilidoso, fez boas jogadas individuais. Já o segundo é realmente um bom zagueiro e não há como contestar. David Luiz tem seus méritos também. E Júlio César fez o que podia. Se destacou quando defendeu dois pênaltis na partida contra o Chile nas oitavas de final. Porém, não pôde fazer muito no jogo contra a Alemanha, ficando sem muitas oportunidades de defesa. Tínhamos alguns talentos, é verdade. Mas era uma equipe que não funcionava em conjunto. Não havia entrosamento. O que víamos em campo era uma total ausência de sintonia entre os jogadores e nenhuma boa tática, nenhum preparo. Se eu passei a Copa inteira reclamando de erros bobos da nossa seleção (como toques de bola que nem eu erraria), nessa semifinal, então... os jogadores brasileiros pareciam baratas tontas que, após o primeiro gol dos adversários, entraram em desespero, se desestruturaram de vez. Eles simplesmente não sabiam jogar juntos.
[E olha que entendo pouquíssimo de futebol. Meu interesse pelo esporte só desperta de quatro em quatro anos. E
quando desperta, até porque, depois do penta, eu não liguei muito para as Copas de 2006 e 2010. E atribuo o meu escasso conhecimento ao meu pai. Este, sim, passava horas falando de futebol como um especialista. Mas posso dizer que tenho experiência em vexames esportivos. Minha dupla de vôlei, no colégio, ficou em último lugar e já joguei uma partida de tetris na qual eu não fiz nenhum ponto... Tetris conta como esporte? Whateva, mesmo assim nada se iguala ao 7x1].
 |
Havia outras opções para se assistir na hora do jogo... |
O país do futebol apresentou um futebol muito feio. E não acho que teria sido assim tão diferente se Thiago e Neymar estivessem em campo. Provavelmente perderíamos de 4x2. E, convenhamos, uma seleção não pode se resumir a apenas dois jogadores. Todos ali são profissionais e tinham o dever de jogar bem. Mas não jogaram. Ficou claro o quão dependente este time era dos dois citados. E esse foi o grande erro.
Também não vejo motivo para crucificá-los em praça pública. Os meninos desapontaram em todos as partidas, mas, no fundo, parece que estavam cientes disso. Até onde vi, os piás eram todos simpáticos, humildes e gente boa. E o fato de perderem feio não me fez mudar meu pensamento sobre eles. Especialmente o David Luiz que é um cara legal e que eu acho que ainda tem muito a mostrar.
No entanto, isto não significa que não podemos rir. Não acho que demonstrar senso de humor diante desta tragédia esportiva é desrespeitar os jogadores. Não acho que tirar sarro seja sinônimo de antipatriotismo. Bora superar, galera. E nada melhor do que superar com bom humor.
Esta pode não ter sido a Copa das Copas. Pelo menos não para o povo brasileiro. Mas foi a Copa das zoeras. Como meu pai dizia, do "incomparável humor brasileiro". Rimos muito, nos divertimos bastante. E agradeço, sem sombra de dúvidas, ao pessoal que faz parte das minhas redes sociais. Vocês trouxeram frescor, opiniões respeitosas e um cômico show de criatividade para minhas timelines. Por essas e outras que essa Copa foi tão legal ;)
0 comentários: