[Filme aos domingos] Rashomon

08:42 Andrizy Bento 0 Comments


O corpo de um homem encontrado em uma floresta dá origem a quatro diferentes versões de uma mesma história. Ambientado no Japão do século XI, temos acesso, então, aos fatos narrados pelo bandido que estuprou uma mulher na frente de seu marido, pela mulher violada, pelo marido assassinado e por um homem que assistiu a cena e testemunhou no julgamento do caso. A montagem se mostra o recurso essencial do filme, muito bem utilizada ao contemplar múltiplos pontos de vista. A forma como o cineasta Akira Kurosawa brinca com a edição dos fatos, introduzindo um recurso inovador na época, o flashback – e que viria a se tornar tão tradicional que atualmente é enfadonho e muitas vezes usado de maneira equivocada – surpreende o espectador. As quebras cronológicas de uma narrativa não linear, associadas à trilha sonora, tornam o longa ágil e envolvente. O plot, baseado no conto Yabu no Naka de Ryūnosuke Akutagawa, já é instigante por si só, mas a maneira utilizada por Kurosawa, em parceria com o diretor de fotografia Kazuo Miyagawa, para contar a história, fazendo excelente uso de recursos não convencionais para a época (o filme é de 1950), tornam o longa ainda mais delicioso de se acompanhar. Essencialmente Rashomon versa a respeito dos valores corrompidos da humanidade. A mentira, a desonestidade, o egoísmo, a hipocrisia e, por fim, o alcance da redenção em uma demonstração genuína de altruísmo. De um primor incomparável e ineditismo absoluto, Rashomon é uma obra-prima fundamental na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.  

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[Guilty Pleasures] My So-Called Life

09:01 Andrizy Bento 0 Comments

Só para não deixar o mês de junho sem postagens no blog, decidi inaugurar uma nova seção que não toma muito do meu tempo para elaborar o artigo e tudo mais...

Começarei este texto da forma mais clichê possível, mas... 

Todo mundo tem um guilty pleasure, ou prazer culposo. É aquilo que você gosta, mas tem vergonha de admitir e, por isso, curte sozinho, longe de todos, trancado em seu quarto.

Na real, essa definição é uma grande mentira. Atualmente é cool admitir seu guilty pleasure especialmente nas redes sociais.

Eu admito os meus e recebo dezenas de curtidas.


Decidi inaugurar a seção com uma série que não é dos meus maiores guilty pleasures, mas como eu estava pesquisando sobre ela outro dia, passei horas vendo vídeos e lendo artigos sobre (o que culminou em um sonho meu estrelado por Jared Leto, no qual éramos presos por consumirmos substâncias ilícitas!) resolvi começar por ela.

My So-Called Life estreou em 1994 na ABC e ficou conhecida por aqui como Minha Vida de Cão quando exibida no canal pago Multishow e como Meus Quinze Anos ao ser transmitida pelo SBT. Devido à baixa audiência, foi cancelada depois de apenas 19 episódios. Dizem por aí que ela enfrentava a concorrência da já decadente Beverly Hills, 90210 (a nossa famosa Barrados no Baile) e outras séries adolescentes que proliferavam na TV americana.

O que eu curtia na série, além do fato de contar com a ótima Claire Danes (um pouco antes de Romeu + Julieta e muito antes de Temple Grandin e Homeland) e Jared Leto (em sua fase pré-30 Seconds to Mars e quando ainda nem sonhava em ter um Oscar em sua estante), era o fato de ser menos "glam" do que BH 90210. Os personagens não eram reduzidos a rótulos e os conflitos vividos pelos adolescentes de MSCL eram mais genuínos, menos histriônicos do que os de Dylan, Brenda, Kelly, Brandon e outros. Eles não eram tão bonitinhos e ricos quanto os Barrados no Baile (sério, esse título é a coisa mais bizarra ever). E tinha um tom cômico agradável também, além de tramas mais sinceras. Em uma época em que os padrões estabelecidos por BH 90210 vigoravam na maior parte dos produtos do gênero, My So-Called Life optava por fugir de estereótipos e chavões narrativos, com enredos bem elaborados e figuras cativantes, retratando os dramas da adolescência da forma mais realista possível e com um jeito único de contar a história.

Contudo, mesmo com tantos atributos, foi uma série inexpressiva e que passou despercebida pela maioria... Após o cancelamento, no entanto, se tornou objeto de culto e ganhou uma seleta fanbase.

Aonde estavam estes fãs quando a série era exibida? Mas que coisa! É por culpa destas pessoas, os fãs tardios, que Firefly e Pushing Daisies foram canceladas...

Well...

Era um bom passatempo para o domingo à tarde, especialmente para quem curtia assistir ao SBT em pleno ano de 1999, comendo pipoca junto com as irmãs mais velhas. Não tínhamos nada de mais interessante pra fazer mesmo.

Mas eis uma boa pedida. Se séries adolescentes (ainda que com mais profundidade do que a maioria) não forem de seu agrado, pelo menos vale para conferir Danes e Leto em inicio de carreira.

Eis a abertura:



E eu era a única team Brian, acho. Aliás, minhas irmãs e eu. Os fãs eram todos team Jordan, o personagem do Leto.

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